Em 1967 , pouco antes de abandonar a jovem guarda e se dedicar definitivamente ao repertório romântico, o cantor Roberto Carlos participou de uma fotonovela, publicada na revista " Melodias - A Revista da Mocidade". Especializada em fotonovelas e em notícias sobre celebridades musicais, a revista era editada pelo compositor Fred Jorge, autor de diversas versões de sucesso, como "Estúpido Cupido" e "Banho de Lua".
O designer gráfico Mário Cafiero, 49, trabalhava no departamento de arte da Editora Prelúdio, que produzia a revista, desde 1965. Aos 15 anos, este foi seu primeiro emprego. Cafiero era responsável pela montagem e "letreiramento" das fotonovelas.
A " Melodias" produziu as primeiras fotonovelas brasileiras, com artistas brasileiros. Na época, só havia fotonovelas italianas, traduzidas, publicadas pela revista Capricho, da Editora Abril, lembra Cafiero.
O cantor Roberto Carlos costumava frequentar a redação da revista, por ser amigo de Fred Jorge, o que segundo Cafiero, era um trunfo para a "Melodias" : " Todas as editoras queriam ter a sua imagem associada à de Roberto, ele já era um ídolo e era sucesso garantido em vendas de revistas" . O designer chegou a participar da gravação de três programas " Jovem Guarda", apresentados por Roberto , a convite do próprio cantor.
No final de 67, surgiu a oportunidade de fazer uma fotonovela com o Rei. Decidiu-se que seria um conto de Natal. Segundo Cafiero, " foi uma coisa relâmpago": a fotonovela foi feita em um dia, com o cronograma baseado na agenda de Roberto, e conta a história de um menino de quatro anos, que tem seu maior sonho, de conhecer o Rei, realizado.
Devido à imensa popularidade do cantor, as cenas da novela em que ele aparecia tiveram de ser fotografadas em seu próprio apartamento, na rua Albuquerque Lins, bairro de Santa Cecília, em São Paulo, para que ele não precisasse sair às ruas e se expor ao assédio dos fãs. "Roberto fez a fotonovela sem receber um tostão, em parte por deferência ao Fred Jorge, que era muito amigo dele, em parte pela promoção que isso representava. Nessa época, todo mundo queria sair na revista".
A Editora Prelúdio não resitiu a competição com revistas de editoras maiores, e deixou de publicar "Melodias" em meados dos anos 70. (texto retirado do clube do Rei).
Vivam momentos mágicos lendo 14 páginas da fotonovela O Natal do Brasa da revista Melodias número 124 de janeiro de 1968.
